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Tributo a Sven Nykvist

  • Foto do escritor: Mário Melo Costa
    Mário Melo Costa
  • 9 de jan. de 2022
  • 4 min de leitura

Sven Nykvist ASC, FSF (1922-2006)

A Cinemateca Portuguesa ao longo do mês de janeiro relembra um dos maiores diretores de fotografia da história, o sueco Sven Nykvist. Por ocasião do centenário do seu nascimento a cinemateca passa alguns dos títulos dos quais assinou a fotografia dentro de uma rubrica intitulada «Sven Nykvist – O culto da luz viva».

Sven Nykvist FSF marcou profundamente o curso da direção de fotografia. A sua técnica assentava no uso de luz natural para obter o efeito pretendido ao invés de recorrer a luz artificial. Os resultados a preto e branco de início e mais tarde a cores impressionaram pela sua beleza fazendo escola. Outros diretores de fotografia seguiram o seu exemplo como Nestor Almendros, Vilmos Zsigmond e Laszlo Kovacs d mesma geração ativa. Todos estes, como também Sven, fizeram brilhantes carreiras em Hollywood.


O sucesso de Sven Nykvist não se pode desassociar de Ingmar Bergman, realizador com quem trabalhou praticamente toda a sua carreira desde 1961, assinando mais de uma vintena de filmes. A exigência artística de Ingmar Bergman deram corpo e expressão ao talento de Sven contribuindo também para este se tornar um perfeccionista.

O princípio de recorrer essencialmente a luz natural não implicava ao ausência de planeamento. Antes pelo contrário exigia uma maior preparação e um rigor notáveis. A procura da luz certa para a cena era o principal objetivo de ambos na preparação de um filme. Ingmar Bergman não dispensava ter no mínimo dois meses de preparação para cada uma das suas obras e durante esse período quer Bergman quer Sven visitavam os locais permanecendo neles a analisar as mudanças de luz que se processavam ao longo do dia. Sven tirava fotografias de 10 em 10 minutos para analisar as mudanças de tom da luz. Isto aconteceu por várias ocasiões em especial para filme «Winter Light» (1963).


A técnica naturalista e simplista de Sven Nykvist deu frutos extraordinários no filme «Persona»1966 também realizado por Bergman. A forma natural como iluminou as faces das atrizes surpreenderam pela doçura da luz e da simplicidade dos meios aplicada, dado que foram iluminadas inteiramente apenas com luz natural. Esta técnica não só obtinha resultados fotográficos agradáveis visualmente, como permitia maior liberdade aos atores que não se encontravam constrangidos com posições rígidas para a luz. Desta forma permitia aos atores atuar com maior naturalidade e conseguir os efeitos emocionais que Bergman tanto procurava extrair dos grandes planos. Esta forma natural de iluminar não só trazia benefícios no ponto de vista da imagem como tornava o trabalho dos intervenientes mais facilitada, tanto que Sven nas suas múltiplas entrevistas que deu referia-se sempre à simplicidade dos métodos quer técnicos quer na utilização da luz.

Sven Nykvist marcou uma época e diversas gerações de diretores de fotografia. Fez parte de uma das duplas mais significativas da história do cinema com Ingmar Bergman. A relação que ambos desenvolveram foi um dos maiores contributos para a arte da direção de fotografia e muito em particular para uma melhor compreensão da aplicação da luz para o cinema narrativo, na criação de ambientes e de emoções nos personagens.


No ponto de vista histórico esta é a lista dos filmes mais significativos em termos de conceito de iluminação e de fotografia que se atribuem a Sven Nykvist e todos foram realizados por Ingmar Bergman.

Faith Trilogy ―Through a Glass Darkly (1961) The Silence (1963) Winter Light (1963) Persona (1966)

E com os dois trabalhos onde Sven arrecadou dois Óscares da Academia. Cries and Whispers (1973) (Oscar Melhor Direção de Fotografia) e com Fanny and Alexander (1982). (Oscar Melhor Direção de Fotografia).


Saúda-se a Cinemateca por este ciclo que agora se inicia, mas lamenta-se o facto da associação de imagem não ter sido informada previamente para poder dar o seu contributo num ciclo tão importante para a classe. Como também se lamenta não ser possível neste ciclo ver dois filmes emblemáticos da obra fotográfica de Sven Nykvist «Cries and Whispers» e «Persona» este último é marcante na utilização da luz natural nos grandes planos. No entanto pode-se ver «O Sacrifício» o último filme realizado por outro grande visionário da imagem Andrei Tarkovski e também o único filme em que ambos trabalharam juntos.


Aqui em baixo pode ver algumas hiperligações de excertos dos filmes de Sven Nykvist como o documentário realizado pelo seu filho «Light Keeps me Company» 2000 onde conta a vida de Sven Nykvist.


Sven Nykvist faleceu em 2006


Frases emblemáticas de Sven Nykvist sobre direção de fotografia


“Motion picture photography doesn't have to look absolutely realistic. It can be beautiful and realistic at the same time. I am not interested in beautiful photography. I am interested in telling stories about human beings, how they act and why they act that way.”


“I was fortunate to work with Ingmar, especially at that early stage in my career. One of the things we believed was that a picture shouldn’t look lit. Whenever possible, I lit with one source and avoided creating shadows, because that pointed to the photography.”


Light can be gentle, dangerous, dreamlike, bare, living, dead, misty, clear, hot, dark, violet, springlike, falling, straight, sensual, limited, poisonous, calm and soft


Images, not words, capture feelings in faces; nothing can ruin the atmosphere as easily as too much light.

Sometimes I feel ashamed at my lack of interest in all the new techniques of modern filmmaking but I prefer to work with as little equipment as possible. If I have a good lens and a steady camera, that’s all I need.


Sometimes, I think having less money can lead to more artistry.



https://vimeo.com/663939392 - Documentário «Light Keeps me Company?

https://vimeo.com/663793186 - With One Eye He Cries (2004)

https://vimeo.com/663806178 - Sven Nykvist FSF CINEMATOGRAPHY.

https://vimeo.com/663804903 - Sven Nykvist FSF Tribute







Frames do filme «Persona» (1966) obra que consagrou Bergman como realizador e projetou Nykvist como um dos maiores diretores de fotografia.

A dupla cruzou a passagem dos filmes a preto e branco para a era do filme a cores e apesar da relutância inicial quer de Nykvist como de Bergman em relação à imagem a cores, ambos foram aclamados com o resultado final de filme em «Cries and Whispers» e mais tarde com «Fanny and Alexander» ambos coloridos.

Sven Nykvist FSF recebeu dois óscares pelo seu trabalho em «Cries and Whispers» (1972) e «Fanny and Alexander (1984)» recebeu uma nomeação com «The Unbearable Lightness of Being (1989).

Em «Cries and Whispers» Nykvist à câmara enquadra Liv Ulman acompanhando-a em travelling. Foto ASC Magazine

Bergman e Nykvist a preparar um plano. “I learned so much about composition, staging and the infinite varieties of light from Ingmar.” Disse Sven para o American Cinematographer. Foto ASC Magazine


A executar um travelling na obra «O Sacrificio» o último filme realizado pelo legendário realizador russo Andrei Tarkovski fotografado por Sven Nykvist.



No seu período americano Nykvist colaborou em diversas obras com o realizador Woody Allen


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Editor Tony Costa aip
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