Steadicam a ferramenta que tudo mudou
- Mário Melo Costa
- 5 de jul. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de jul. de 2021
Steadicam é hoje uma ferramenta de filmagem comum. É praticamente utilizada nas mais diversas produções. A câmara em movimento estável, sem saltos e de forma linear entrou na indústria pela mão e engenharia do americano Garrett Brown em 1975. O sistema consiste em acoplar a câmara sobre um braço articulado que por sua vez está preso ao corpo do operador através de um colete. O braço articulado absorve os movimentos bruscos suavizando os movimentos de câmara eliminando os bruscos safanões t]ipicos o uso de câmara ao ombro em andamento e transforma-os em movimentos suaves e lineares.

Garrett Brown inventou o aparelho e foi dele também os primeiros planos que marcam o inicio de uma nova era. Para muitos, dirão que o famoso plano do filme «Rocky», (1976) quando Rocky Balboa interpretado por Silvester Stalone treina nas ruas de Filadelfia e sobe as escadarias do Museu de Arte da cidade - seja o primeiro de todos, mas não foi. Houve um outro filme que foi rodado antes de «Rocky» e estreou dois meses depois deste onde foi utilizado o steadicam e de maneira mais complexa. Foi no filme « O caminho da Glória» em 1976 fotografado pelo lendário Haskell Wexler (1922-2015), que desenha um plano onde o operador começa no topo de uma grua que desce para depois o operador sair e seguir de costas o protagonista e ainda regressar num plano frontal a dois. Este o primeiríssimo plano feito numa longa metragem. Haskell viria a receber o oscar com o seu trabalho neste filme.

Muitos outros planos são populares como o plano sequência em «The Goodfellas» de Martin Scorsese como se pode ver AQUI
Ou ainda em «Boogie Nights» (1977) dirigido por Paul Thomas Anderson e fotografia de Robert Elswit que utilizou extensivamente o plano sequência feito em steadicam
O sistema popularizou-se e é hoje praticamente indispensável nas rodagens e em programas de televisão.
Até à sua invenção a única forma de colocar a câmara em movimento, seguindo o ator em cena, seria recorrer de uma dolly, ou grua, sobre trilhos. Com o aparecimento do steadicam seria possível seguir o ator por diversos espaços sem estar sujeito à rigidez e limitação dos trilhos. A Câmara tornava-se assim livre e solta percorrendo os espaços sem limitações e sem o desagradável efeito de ressaltos e movimentos bruscos do uso de uma câmara à mão. Torna-se assim uma das mais importantes invenções para o cinema.
Como todas as ferramentas a evolução tecnológica não pára. O próprio steadicam também evoluiu. Construído com materiais mais leves permite em conjugação com câmaras igualmente mais leves, ser mais fácil manipular. No inicio o uso de câmaras pesadas como a ARRI BL4 é para os dias de hoje um

absurdo em comparação com as atuais.
Surgiu também outros modelos como a trinity, produzido pela ARRI. Trata-se de um modelo mas sofisticado que permite planos em «low mode» imediato e manter o equilíbrio do horizonte mesmo rodando o steadicam 180 graus.
Os gimbals também vieram ajudar à estabilização da imagem e todos em conjunto são ferramentas de muita utilidade.
Mas a máquina será inútil sem a perícia do operador de steadicam. O equilíbrio da máquina acoplada ao corpo e os movimentos necessários para manter a câmara estável, são qualidades que o operador de câmara tem de desenvolver e aprofundar em paralelo com noções de composição de imagem nas suas diferentes formas. Como se pode ver neste vídeo no Youtube onde tudo o que há é aplicado.
A nossa associação conta com cinco especialista na matéria. Podem visitar os seus sites e ver os seus trabalhos.
Por fim fica aqui um reel histórico da arte de utilização do steadicam The art of steadicam
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