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O Som que Desce na Terra

  • Foto do escritor: Mário Melo Costa
    Mário Melo Costa
  • 15 de nov. de 2021
  • 4 min de leitura

Atualizado: 9 de jan. de 2022



Encontra-se em sala o último trabalho realizado por Sérgio Graciano com fotografia assinada por Miguel Manso membro da aip. Falamos com o Miguel um pouco sobre o filme «O Som que Desce na Terra que descrevemos aqui. O filme aborda o tempo da guerra colonial.


AIP - Como chegaste ao filme?

Miguel Manso - Eu e o Sergio já trabalhamos juntos há mais de 20 anos e já nos conhecemos bastante bem. A nossa abordagem a este projeto foi muita parecida com as anteriores. Ele envia-me o guião e combinamos um encontro, normalmente um almoço ou jantar em casa dele. Trocamos várias impressões e logo aí tomamos algumas decisões.

Maria da Luz a preparar-se para as gravações de áudio

Neste filme quisemos separar visualmente Portugal Continental de Angola, através da cor, do estilo de câmara usado e até do uso dum adaptador anamórfico. Em Portugal quisemos retratar uma Maria da Luz mais triste e que espera notícias do seu marido, destacado em Angola. Os filhos também sentem essa falta paterna e a própria relação da Maria da Luz com o país é abalada. Em Angola ela muda, levando mensagens sonoras de conforto aos soldados dos seus familiares. Optámos por um tom mais quente e na câmara à mão, para dar um ar mais humano e próximo dela e dos soldados, apesar dos horrores da guerra. Ao mesmo tempo usámos um adaptador anamórfico que serviu para juntar alguma estranheza na imagem, alguma deformação, como se algo de grave se fosse passar. O filme é uma homenagem a todas as mulheres e filhos que sofreram muito com a guerra colonial. De destacar o papel da Gabriela Barros, que está maravilhosa.


AIP - Na abordagem do filme de época dos anos sessenta tiveste algum cuidado para obter uma imagem temporal? Utilizaste algo mais que faze-lo na correção de cor?

Miguel Manso: Na abordagem optámos por diferenciar Portugal Continental e Angola de 3 maneiras distintas:

- Em Portugal usámos Lentes Carl Zeiss Planar com montagem Contax. Para a abordagem de Angola usámos as mesmas lentes, mas com um adaptador anamórfico da SLR Magic.

- Em Portugal Continental usámos câmara em tripé e em Slider. Em Angola optámos por câmara à mão.

Decor na Azambuja

- Em Portugal Continental decidimos por uma cor mais fria e esverdeada e que contrasta com um ambiente mais quente de Angola. Quisemos mostrar um Portugal mais triste e uma Angola com mais paixão, onde Maria da Luz irá viver uma serie de experiencias muito intensas. Ela irá levar aos soldados portugueses as vozes dos seus familiares.


AIP - O filme tem uma grande parte que se passa em África foi-vos difícil recriar o território angolano em Portugal como abordaram essa problemática. Já sabemos que por razões financeiras ir a africa seria impossível.

Miguel Manso: Uma boa parte da equipa que fez este filme viveu em Angola durante 2 anos, de 2013 a 2015. Sabíamos que devido questões financeiras não iria ser possível ir a Angola e decidimos procurar na zona de Lisboa décors onde poderíamos filmar. Acabámos por gravar num quartel na Fonte da Telha e perto da Azambuja, junto ao rio.


Ricardo Correia preparando o enquadramento

AIP- Há uma cena no fim de dia num acampamento e um dos soldados tem uma crise nervosa, toda a cena é filmada ao fim do dia podes contar como geriste?

Miguel Manso: Pedi ao Sérgio para gravar toda esta cena ao lusco fusco e, de preferência, em plano sequência. Durante a tarde ensaiámos o plano para quando chegasse a hora estivesse tudo no ponto. Como iria usar um balão da Air Star para as cenas da noite, acabei por usá-lo nesta cena para ter um pouco mais de informação nas caras. Acabámos por fazer ainda alguns planos de corte, já quase de noite e em que se sente a influência do Balão.


AIP - Como concebeste a iluminação que adotaste ao filme?

Miguel Manso - Fiz uma lista muito pequena de material, por questoes orcamentais. Optei por usar 1xM18, 1xJoker 800W com Soft Tube, alguns Fresnel, refletores e telas. Preferi poupar algum dinheiro para poder usar o Balão, para as cenas da noite e de fim de tarde.


Momento da despedida

AIP: Que câmara e objetivas utilizaste. Foi uma escolha tua?

Miguel Manso: - Decidimos usar uma Black Magic Pocket 4K que o Sergio comprou especificamente para o filme. Um amigo meu emprestou-me 3 lentes Carl Zeiss Planar e Distagon, de montagem Contax. Uma 35mm/2.8, uma 50mm/1.8 e uma 135mm/2.8. Para acrescentar ao Kit comprámos uma 85mm a 1.4. Usámos também um adaptador Anamórfico da SLR Magic com a 50mm a f2.8. Gravámos sempre em RAW. Para visualizar tivemos um Odissey 7Q+ donde ligámos um emissor de vídeo da Acsoon, que enviava o sinal da câmera para os telemoveis/Ipads da equipa.


Equipa de Iluminação num momento de descontração.

AIP: Quem tiveste na equipa de câmara, iluminação e maquinaria?

Miguel Manso: A equipa foi muito pequena, em todos os sectores. A operar esteve o Ricardo Correia, que faz sempre os projetos comigo e com o Sergio. A assistente de imagem foi Marta Ferreira. Na equipa de iluminação e maquinaria tive o Marcio Pratas e o Antonio Candeia, que também são os meus colaboradores habituais.










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Editor Tony Costa aip
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